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Qual é o perfil do profissional de Big Data?

Novos empregos serão criados por causa de Big Data, mas as chances não são para todos. Veja o que os empregadores buscam no especialista da área.

Tecnologias de Big Data estão em ascensão, sentenciam analistas do mercado. Esse cenário está ajudando a criar grandes oportunidades de carreira para profissionais de TI, mas as chances não são para todos.

De acordo com um relatório publicado em 2011 pela consultoria McKinsey & Co., os Estados Unidos podem enfrentar, em 2018, uma escassez de 140 mil a 190 mil pessoas com “talentos analíticos profundos” e de 1,5 milhão de pessoas capazes de estudar dados para tomar decisões de negócios. O quadro se repete em solo nacional. 

As empresas estão (e vão continuar) procurando profissionais com um conjunto complexo de habilidades para concretizar a promessa de Big Data de promover vantagem competitiva. “Não há dúvidas de que o talento é o primeiro requisito para as empresas que levam a sério a obtenção de vantagem competitiva utilizando dados e análises”, avalia Jack Phillips, CEO da empresa de pesquisa International Institute for Analytics (IIA), localizada nos Estados Unidos.

Mas o que deve reunir um talento em Big Data? Quais as competências necessárias para conquistar um emprego na área? Que tipo de formação qualifica uma pessoa para trabalhar no segmento?

“Não há unanimidade para o perfil do profissional de Big Data”, diz Sandeep Sacheti, ex-chefe do risco e análise do UBS Wealth Management, que agora ocupa o cargo de vice-presidente de pesquisas com consumidores e excelência operacional na Wolters Kluwer Corporate Legal Services, que atua na área jurídica.

Em seu novo emprego, Sacheti lida todos os dias com Big Data. Ele analisa grandes quantidades de dados para entender clientes, desenvolver produtos e reduzir custos operacionais. Em um dos projetos em curso, a divisão da Wolters que vende serviços de fatura eletrônica para escritórios de advocacia, usa análises para extrair dados que reúne de seus clientes (com a permissão deles) para criar produtos, incluindo o “Real Rate Report”, que compara taxas de escritórios de direito nos Estados Unidos. 

Sacheti busca agora profissionais para atuar na área e também treinamentos para sua equipe. Ele separa as oportunidades de Big Data em quatro vertentes: cientista dados, arquiteto de dados, visualizador de dados e agente de mudança de dados.

Ele lembra, no entanto, que não há padrão para os títulos dos cargos. O que uma empresa chama de analista de dados, por exemplo, pode ser definido de outra forma em diferentes companhias, constata John Reed, diretor-executivo sênior de pessoal de TI da Robert Half Technology, organização de recrutamento. O próprio cargo de Sacheti mostra que alguns profissionais não carregam o termo Big Data no título. 

“Todos perguntam: ‘Como identifico esse profissional? Quais habilidades devo procurar?’”, comenta Greta Roberts, CEO da Talent Analytics, que desenvolve software para ajudar os empregadores a correlacionar as competências dos trabalhadores e suas características para alavancar o desempenho dos negócios.

Roberts, Phillips e outros especialistas dizem que as habilidades mais citadas incluem conhecimentos em matemática, estatística, análise de dados, análise de negócios e processamento de linguagem. E, embora os títulos não sejam sempre os mesmos, alguns, como cientista de dados e arquiteto de dados estão tornando-se mais comuns.

Curiosidade faz a diferença

Segundo Josh Wills, diretor sênior de ciência dados da Cloudera, que vende e suporta a versão comercial do Hadoop (framework que gerencia Big Data), há uma tendência pela busca de talentos que tenham atuado como desenvolvedores de aplicativos e engenheiros de software, mais do que profissionais que trabalharam na operação de TI. 

Isso não quer dizer que especialistas em operações de TI não sejam necessários para a estratégia de Big Data. Afinal, eles desenham a infraestrutura e apóiam os sistemas de Big Data.

“É daí que saem os profissionais de Hadoop”, observa D.J. Patil, cientista de dados da Greylock Partners, empresa de capital de risco. “Sem eles, a empresa não pode fazer nada. Eles estão construindo infraestruturas impressionantes, mas não necessariamente fazem a análise”, completa.

Funcionários de TI podem aprender rapidamente sobre Hadoop por meio de aulas tradicionais ou autoaprendizagem, observa. Isso porque a maioria dos postos de trabalho emergentes em Big Data exige conhecimento de programação e capacidade de desenvolver aplicações e alinhamento com os negócios.

Patil é Ph.D. em matemática aplicada. Sacheti tem Ph.D. em agricultura e recursos econômicos. Patil acredita, no entanto, que atributos como curiosidade e criatividade importam mais para o profissional do que a própria área de estudo ou credencial acadêmica.

Wills, por exemplo, trilhou um caminho curioso até chegar à função de cientista dados. Depois de formar-se em matemática, partiu para uma pós-graduação em operações de pesquisa e conquistou um emprego no Google em 2007. Wills trabalhou no Google como estatístico e então como engenheiro de software antes de ingressar na Cloudera e assumir o posto de cientista de dados.

Procura-se tempero científico

Não faz muito tempo, curiosidade, criatividade e comunicação não eram pontos enfatizados em departamentos de TI. O IIA, afirma Phillips, vê o cientista de dados como aquele que reúne três importantes características: tecnológica (TI, hardware e software), quantitativa (estatística, matemática, modelagem e algoritmos) e de negócios (domínio da área). “Os profissionais bem-sucedidas têm o lado quantitativo aguçado”, observa. “Eles conhecem a tecnologia, mas não a executam. Eles dependem da TI”, avalia.

Big data também exige um tempero científico, destaca Wills. O talento da área precisa ser intelectualmente flexível o suficiente para mudar rapidamente seus pressupostos e abordagens diante dos problemas, diz Brian Hopkins, analista da Forrester Research. 

cio.uol.com.br

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